quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sim, Deus se preocupa com a humanidade!



Deus se identifica plenamente com a humanidade. Em especial, com as gentes crucificadas, injustiçadas e exploradas pela impiedade de outros humanos. Ele faz “opções naturais”. E, ao fazer algumas opções, ele estabelece grupos de pessoas, os “bem-aventurados”, que têm “prioridade” no reino: os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos por causa da justiça  (Mt 5.1-12). Ele usa essas pessoas como modelo não porque são melhores que as demais, mas porque, dada a sua impossibilidade de alcançar êxito por suas próprias mãos (isto é, não têm “mérito” algum no que realizam), dependem exclusivamente da graça e favor divinos para viver; não têm nada mais além de Deus, assim podem pôr sua fé inteiramente Nele. Transpondo essa mensagem para a nossa realidade latino-americana, Orlando Costas fala sobre esses “privilegiados” do evangelho hoje: 

São os povos autóctones e as minorias étnicas, os desempregados e os mal-pagos, os exilados, refugiados e imigrantes ilegais, os campesinos explorados e a subclasse social permanente que habita em guetos urbanos, subúrbios, favelas e lugares de miséria. São também as prostitutas, os presos, os alcoólatras e viciados em drogas; os idosos solitários e os jovens frustrados, as mulheres denegridas, os abusados, desprezados e os homossexuais rechaçados e deserdados (Costas, 1986, p. 85-86).


O mais interessante é que essas prioridades de Deus colocam à margem o que era central e no centro aquilo que é marginal: o maior é o menor no reino dos céus, e aquele que se humilha será exaltado  –  são princípios presentes nas boas novas de um Deus interessado na justiça e restauração da dignidade ao ser humano. Deus parece ter paixão pelo marginal  –  enquanto nós, muitas vezes temos ojeriza. Os “centros” parecem estar quase sempre muito focados em si mesmos e na manutenção de suas estruturas. Assim, o Espírito encontra alternativas “comendo pelas beiradas”, promovendo suas revoluções a partir das periferias da vida. Senão, por que o Filho foi nascer justo em Belém da Judéia, e não em Jerusalém? Por que o lugar de sua criação foi Nazaré da Galiléia e a simplicidade de uma vida no campo, entre os plebeus,  a não o conforto e as mordomias (dignas de “rei”) no interior dos palácios de Jerusalém? Jesus sai do meio de gente desprezada e marginal, e passa a ser visto como um “comum” igualzinho a eles: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?” (Mc 6.3), perguntaram os galileus ao se depararem com o Jesus profeta. Ele era muito galileu, muito humano, muito próximo deles para que pudessem enxergar o contrário. Todavia, as credenciais messiânicas de Jesus estavam precisamente em ele ter-se feito um desprezado, humano e pobre. E não apenas nisso, mas também, sendo Senhor e Rei, em ter-se feito servo de todos.

*Este texto não é de minha autoria, é um documento da FTSA (Faculdade Teológica Sul Americana).
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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Heterossexualidade sem homofobia e homossexualidade sem "heterofobia"


Se todos somos igualmente marcados pelo pecado, tanto potencialmente como na prática, a discriminação por razões morais e religiosas contra, por exemplo, os gays, torna-se ridícula e hipócrita, além de acrescentar mais um pecado ao nosso vergonhoso currículo moral. Além do mais, a oposição que alguns fazem à homossexualidade não é educada, inteligente, coerente e caridosa. Há casos de agressão verbal e física. 

Em algumas vertentes muçulmanas acentuadamente fundamentalistas, os homossexuais podem ser condenados à morte. Nem todos os prisioneiros dos muitos campos de concentração eram judeus ou inimigos do regime nazista -- alguns eram apenas homossexuais.Em contrapartida, os homossexuais não podem dar lugar à heterofobia. Eles podem sair do armário sem pretender colocar os héteros nos armários vazios. A sociedade precisa enxergar esse processo em andamento. Se os homossexuais podem defender a bandeira da homossexualidade, por que os heterossexuais não podem defender a bandeira da heterossexualidade?Se a consciência de um homossexual não o deixar em paz, apesar do apoio ostensivo da mídia, de alguns profissionais da saúde e até de alguns líderes religiosos, por que não se pode dar a ele auxílio psicológico ou pastoral, caso a pessoa espontaneamente o deseje? Se uma igreja se recusa a celebrar um casamento gay ou ordenar um padre ou pastor homossexual, por que zombar, perseguir, multar ou prender o responsável por esse comportamento, exigido por seu credo? Os homos querem liberdade de pensamento e de ação. O mesmo acontece com os héteros.

A prática homossexual é condenada pelas três religiões monoteístas do planeta: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. No caso dos protestantes, enquanto eles se conservarem fiéis às Escrituras Sagradas, sua única regra de fé e prática, a conduta homossexual será considerada um desvio sexual. Entretanto, os cristãos horrorizados com a homossexualidade se obrigam pela mesma Bíblia a ficar horrorizados também com o adultério, com a hipocrisia, com o roubo, com o egocentrismo, com a soberba, com a incredulidade, com a inveja, com a violência, com a berrante injustiça social e daí por diante. E com a mesma intensidade!

Fontehttp://www.ultimato.com.br/revista/artigos/325/heterossexualidade-sem-homofobia-e-homossexualidade-sem-heterofobia

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